sábado, 29 de agosto de 2015

A gente podia ter sido tanta coisa...

A gente podia ter sido tanta coisa, mas escolhemos nos errar. E se nos erramos o errado não muda e não poderia ter sido de outra maneira. Porque, talvez, já estivesse escrito nas estrelas que não nos encaixaríamos, que não daríamos certo mesmo quando achamos poderíamos. Somos errados um para o outro, somos tortos e imperfeitos, eu para você e você para mim. Você não entende meu jeito e eu não entendo o seu. Como duas pessoas tão opostas e diferentes um dia podem ter tido tanta historia mal resolvida, tanto sentimento que não se cessa, que pulsa no meu peito assim como pulsou no seu?

              A gente podia ter sido tanta coisa, mas o medo nos escolheu. O medo de não nos completarmos, o medo do desejo do outro ser maior que o seu, o medo do sentimento não ser grande o suficiente a onde caiba você e eu. E nós escolhemos nos errar porque o medo nos escolheu. Porque por natureza somos errados um para o outro e se o certo tivesse acontecido talvez não tivéssemos dado tão certo de uma maneira tão errada, porque vamos ser sinceros os nossos erros nos incomodam e o meu medo de não me adequar e o teu medo de não me entender e não me aceitar são grandes demais para que o amor prevaleça. Porque somos feridos por dentro.

             A gente podia ter sido tanta coisa, mas o orgulho falou mais alto. E a vaidade nos fez cair em armadilhas que nem o amor é capaz de mudar. E eu errei e você errou. E nós errados e então a gente mudou. Mas e se esses erros não tivessem acontecido será que alguma coisa teria sido diferente? Eu não entendo você, do mesmo jeito que você não me entende. Tem tantas palavras que se perderam com outras não ditas dentro da minha boca e tanta coisa ficou mal explicada e tanta coisa ficou mal resolvida, e se o orgulho não tivesse vencido a batalha conta o coração? Mas como ele venceu quer dizer que dizer que não existia nada entre nós então?  Um dia alguém me falou que pra ser amor tem que doer. Com você dói, com você dói demais uma dor incansável e torturante, mas e se nós não fomos nada e se não existia nada, por que dói desse jeito?

A gente podia ter sido tanta coisa, mas escolhemos ser saudade. Saudade do que não aconteceu ou saudade do que não permaneceu. Sempre a saudade. Saudade de poder falar com você e não ser tão estranho, ao ser estranho como se não fossemos nós mesmos e se como naquele momento estivéssemos empurrado qualquer sentimento pra dentro. Escolhemos nos errar porque o medo nos escolheu e o medo nos escolheu porque o orgulho venceu e por conta disso no final acabamos sentindo saudade do que não aconteceu. Saudade do que deixou de ser dito, do que foi deixado pra lá. E nós éramos tão imaturos e inseguros e erramos com medo de amar, porque nada, nem mesmo o destino, nunca ira fazer com que dois opostos e tortos tão erradamente certos um para o outro, com defeitos tão iguais e sentimentos tão fortes, ficassem juntos. Em algum momento um sempre desiste do outro. Sempre foi assim com a gente e sempre vai ser.