quarta-feira, 15 de junho de 2016

Procura-se: um coração roubado

Oi, desculpa incomodar, é que eu estou à procura de alguém. Um menino que me beijou e roubou meu coração, bem nesse momento. Na hora eu não tive como evitar e agora eu só quero o encontrar pra poder pedir de volta o meu coração. É que tá fazendo falta, sem poder controla-lo eu não faço nada direito e fico só pensando naquele menino, o menino bonito de sorriso cativante e voz melodiosa que me deu um beijo e roubou meu coração. E eu achando que estava tudo certo, que estávamos em sintonia, mas ai ele roubou meu coração.

Eu sei, já faz um tempo, uma semana pra ser mais exata, demorei pra perceber que meu coração havia sido roubado, mas agora estou sentindo falta. Se alguém ver esse tal menino diga pra ele me encontrar, não sei ainda como vai ser, se ele vai poder me devolver, mas ao menos quero saber se meu coração está bem. Sinto que alguma coisa deve estar errada com ele, porque como que sem ao menos conhecer o menino direito ele já se deixou ser levado?

Não, por favor, não pense que sou descuidada, nunca tive meu coração roubado antes, eu sempre o entregava a outras pessoas, mas roubado não. Fui durante muito tempo cuidadosa e deixei meu coração trancado a sete chaves, só eu podia mexer nele, só eu tinha as chaves. Esse rapaz, o rapaz que me deu o beijo e me deixou arrepiada, ele deve ser bem habilidoso, provavelmente um chaveiro, eu não sei. Ainda quero saber como ele conseguiu passar por todas as portas e rouba-lo de mim.

Sim e isso me deixa frustrada, afinal o rapaz me deu um beijo e roubou meu coração, não sei o que ele está fazendo com o meu coração, o que ele quis fazer. Um coração que já foi tão maltratado quando eu o entregava e agora ele foi roubado, coitado, como que ele vai sobreviver?


Eu só peço a você que estiver lendo esse meu apelo, caso você encontre um rapaz com o sorriso irradiante, uma conversa interessante e um beijo arrepiante peça pra ele me devolver meu coração, ou então entrar em contato pra me dar alguma satisfação sobre o estado do meu pobre coração, caso encontre esse moço, diga a ele que isso não se faz, que ele não pode ser o rapaz que me da um beijo e já assim, sem nem pedir permissão, rouba o meu coração. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Que estranho é...

Que estranho é a vida que vivemos, os amores que perdemos, o tempo que nos queixamos que não temos e mesmo assim, apesar de, por causa de, continuamos tentando. Continuamos tentando viver, viver essa vida estranha, onde a sociedade perdida se prende em julgamentos estabelecidos, por alguém que na verdade não é ninguém e ao mesmo tempo é todo mundo. Nos perdemos ao tentar estabelecer padrões, nos perdemos em nós mesmo e na nossa inconstância, na nossa contradição,  na nossa mania arrogante e egoísta de pensar que somos os diferentes. Afinal se somos diferentes porque queremos tanto ser iguais? Porque buscamos de modo tão inconsciente e involuntário a aprovação do outro? Porque somos fracos, somos humanos, vivemos, amamos e perdemos tempo. E perdemos tempo porque queremos, porque somos hipócritas nos nossos julgamentos e preconceitos. Afinal quem disse que alguém tem que ser igual a imagem perfeita de um ser superficial que eu tenho em algum canto bem escondido da minha imaginação? Eu não sou a imagem do outro e ninguém nunca vai suprir suas expectativas e o amor que tanto nos preocupamos em espalhar vira aquele desamor, culpado do pré-conceito, dos julgamentos, das guerras, do sofrimento, da dor que queremos tanto que não nos atinja. Afinal, no final, nós somos a culpa, nós somos a cura, nós somos imperfeitos na nossa mascara de perfeição e sensatez. Nós erramos querendo acertar, nós nos erramos na nossa incerteza. Damos um tiro no escuro, fingindo que temos o que todos querem e que podemos ser iguais sendo diferentes. Não somos culpados e ao mesmo tempo somos, não podemos solucionar tudo e na verdade podemos, mas não conseguimos, porque no final de tudo somos só seres humanos, somos assim, fracos, hipócritas, errados e certos, vivemos, amamos, julgamos e somos julgados. Que estranho é ainda perdemos nosso tempo tentando em vão mudar a nossa natureza.